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Resumo livro "Judaísmo Acessível" - Rabino Jacques Cukierkorn

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O livro começa apresentando a história do João, um jovem que teve contato com uma comunidade judaica juvenil e que, vindo do Nordeste para São Paulo, buscava afirmar sua identidade como judeu, descendente de criptojudeus. Ele carregava consigo tradições familiares antigas, práticas preservadas em segredo por séculos, mas, ao tentar entrar de forma oficial no mundo judaico, enfrentou muitas dificuldades em ser aceito. O Rabino usa essa história inicial para explicar a realidade de muitos brasileiros que carregam vínculos indiretos, fragmentados ou históricos com o judaísmo e que, mesmo assim, encontram resistência ao tentar retornar às suas raízes. Ele enfatiza que esse não é um caso isolado e que inúmeras famílias possuem traços judaicos herdados do período da Inquisição.

O Rabino destaca a importância de escrever uma obra em português porque as obras sobre judaísmo no Brasil, em sua maioria, são traduções do inglês e geralmente seguem a linguagem ortodoxa, que nem sempre dialoga com a realidade brasileira. Assim, ele propõe um judaísmo acessível, liberal, contextualizado e que faça sentido para pessoas que vivem em países da América Latina, onde a história judaica foi marcada por rupturas, conversões forçadas e longos períodos de silêncio religioso.

Ao final da introdução, ele comenta que reconhece João anos depois, inserido em um ambiente extremamente ortodoxo, com práticas rigorosas e um cotidiano de observância intensa. E, embora esse mundo das lamentações, dos rituais rígidos e de normas estritas não seja o caminho da maioria, o Rabino expressa felicidade por João ter encontrado sua própria forma de ser judeu. Porque, para ele, “existem várias formas de ser judeu”, e todas são legítimas desde que brotem de sinceridade, estudo e vivência ética. Ele usa esse caso para justificar a necessidade de apresentar um judaísmo plural, inclusivo e adaptado às realidades contemporâneas.


CAPÍTULO 2 – HISTÓRIA DO POVO JUDEU: ORIGENS E PRIMEIROS ESTÁGIOS


O Rabino passa a relatar a história do povo judeu, enfatizando como é impressionante que tenham sobrevivido por trinta e sete séculos, mantendo sua cultura mesmo com tantas situações adversas. Ele começa desde Abraão, considerado pai do monoteísmo, passando pela formação das tribos, pelos períodos dos patriarcas, até chegar à escravidão no Egito e ao êxodo liderado por Moisés. A partir daí, a construção da identidade judaica ganha força com a entrega da Torá no Sinai, que estabelece normas, valores e diretrizes éticas para todo o povo.

Depois, o autor menciona os reinados de Saul, Davi e Salomão, destacando que o auge da unificação política acontece com Davi e que Salomão consolida a centralização religiosa com o Primeiro Templo. Após sua morte, o povo se divide em Reino do Norte e Reino do Sul, dando início a conflitos internos que facilitam as conquistas estrangeiras. A destruição do Templo em 586 a.C. pelos babilônios marca uma ruptura profunda, mas também abre espaço para transformações religiosas importantes. Mesmo no exílio, os judeus mantêm sua identidade, passam a valorizar o estudo e reorganizam práticas comunitárias.

Após a queda da Babilônia e o domínio persa, Esdras e Neemias surgem como figuras centrais do processo de restabelecimento religioso e social. Eles reforçam a leitura pública da Torá, a reorganização das práticas e a rededicação do povo ao pacto com Deus. O autor menciona também o domínio grego e seus impactos culturais, seguido pela guerra dos macabeus, que simboliza a resistência judaica contra imposições externas. Roma reconhece a independência da Judeia por um período, mas ela é novamente perdida com a dominação romana.

É nesse período que surge Jesus, cuja morte e os movimentos formados por seus seguidores resultam em uma nova seita com grande impacto histórico. No ano 66, os zelotes declaram guerra a Roma. Em 70, Tito toma Jerusalém e queima o Templo, terminando com o Segundo Estado Judeu. Sem Templo e sem pátria, os judeus desenvolvem novas formas de viver sua identidade, especialmente através da Torá e das práticas das sinagogas. O Rabino enfatiza que, desde então, o povo judeu se perpetuaria mais como cultura do que como civilização estatal, mantendo sua continuidade através do estudo, das tradições familiares e da transmissão intergeracional.


CAPÍTULO 3 – DO TALMUD À DIÁSPORA MEDIEVAL


Quando Constantino adotou o cristianismo como religião oficial do Império, a situação dos judeus em Israel tornou-se cada vez mais difícil. Com isso, a liderança judaica se estabelece na Babilônia, onde escolas rabínicas florescem e onde o Talmud é concluído por volta do ano 500. Esse texto monumental se torna o centro da vida judaica por séculos, consolidando debates, práticas, decisões e interpretações da lei.

A educação judaica floresce nesse período, mas enfrenta também desavenças internas, como as geradas pela seita caraíta, que não aceitava autoridades rabínicas nem a tradição oral. Além disso, as invasões maometanas e mongóis afetam profundamente a estabilidade das comunidades judaicas na região. Mesmo assim, a cultura judaica prospera em vários locais, encontrando abrigo especialmente na Espanha entre os anos de 900 e 1200. Ali, judeus participam do desenvolvimento das artes, das ciências e da vida intelectual.


CAPÍTULO 4 – A ESPANHA JUDAICA, A INQUISIÇÃO E O CRIPTOJUDAÍSMO


Em 711, a Espanha foi conquistada pelos árabes, e árabes e judeus assinaram uma aliança duradoura, criando um ambiente que favoreceu o florescimento cultural. Durante esse período, muitos sábios e pensadores judeus contribuíram para o crescimento intelectual da Península. No entanto, no século XV, com o avanço da Reconquista e o retorno do controle cristão, a situação mudou drasticamente. A Inquisição inicia

perseguições severas e, em 1492, 200 mil judeus perdem suas propriedades e são expulsos da Espanha.

O Rabino destaca que, quando Cristóvão Colombo partiu para o desconhecido, os portos estavam cheios de judeus buscando uma terra que os aceitasse. Muitos embarcaram nessa mesma época, alimentando inclusive lendas sobre a busca por uma “terra perdida”. Ele relembra que, com as perseguições, as comunidades judaicas da Europa se espalharam, enfrentando restrições severas. Em muitos locais, os judeus não podiam possuir terras e eram empurrados para atividades comerciais e financeiras.

As Cruzadas, iniciadas em 1096, trouxeram massacres com a escolha entre “batismo ou morte”. Muitos judeus foram dizimados e os sobreviventes se isolaram em guetos para se proteger. A situação se agrava no século XIV, com acusações absurdas como a de envenenar poços. Em 1391, o arcediago Ferran Martinez incita destruições em massa, obrigando conversões e causando assassinatos de líderes comunitários.

Depois da expulsão, muitos judeus se tornam marranos, praticando judaísmo em segredo e vivendo uma vida dupla: católicos em público e israelitas em casa. Eles mantinham costumes escondidos, como acender velas às sextas-feiras, evitar certas carnes ou lembrar datas festivas. No entanto, perderam contato com rituais originais e, ao migrarem para locais como Veneza e Amsterdã, encontraram dificuldades para serem aceitos por judeus que seguiam normas ortodoxas, chegando ao ponto de casos de suicídio como o de Uriel Acosta.

O caso de Spinoza também é lembrado, assim como o fato de que na Península Ibérica a palavra “judeu” passou a ser associada a “falso” ou “hipócrita”, fortalecendo o antissemitismo. As instituições da Inquisição mantinham listas secretas e muitas famílias precisavam esconder sua descendência judaica. Até figuras importantes, como Santa Teresa, possuíam origens judaicas ocultadas pela força das circunstâncias.

A perseguição aos criptojudeus também ocorreu nas Américas, especialmente no México, Lima e até no Brasil. Alguns fugiram para regiões remotas, como Tucumán e Amazônia. No século XVII, muitos buscavam retorno às origens judaicas e fundaram as primeiras comunidades judaicas das Américas, como nos Estados Unidos.

Com o passar dos séculos, muitas sociedades cripto-judaicas foram se dissolvendo e se assimilando. Outras preservaram tradições fragmentadas. O autor descreve como as propostas de revogação do édito de expulsão surgem entre os séculos XVI e XVII, mas só ganham força no século XIX. Em 1924, um decreto real concede cidadania espanhola a descendentes de judeus espanhóis, o que salva muitos durante a ocupação nazista. Ele também menciona a criação de sinagogas, comunidades e universidades ligadas ao estudo judaico na Espanha moderna.


CAPÍTULO 5 – AS CORRENTES MAJORITÁRIAS DO JUDAÍSMO CONTEMPORÂNEO


O Rabino apresenta as principais correntes judaicas atuais: a ortodoxa, a reformista e a liberal, além do conservadorismo (mesorati). Ele explica que cerca de 65% das sinagogas no mundo não são ortodoxas. O judaísmo ortodoxo acredita que tanto a Torá quanto o

Talmud foram ditados divinamente, sem interferência humana. A prática é centrada na obediência à halachá, e homens e mulheres permanecem separados nas sinagogas. Algumas correntes ortodoxas se opõem ao Estado de Israel por não ter sido criado pelo Messias.

O judaísmo reformista surge no século XIX, com raízes no Iluminismo. Moisés Mendelssohn é citado como figura central, trazendo o pensamento racional para o judaísmo. Influenciado por Kant, Wolff, Leibniz e Spinoza, Mendelssohn propôs um judaísmo ético, racional e compatível com a vida moderna. Para ele, o que faz alguém judeu não é apenas ritual, mas moralidade. Reformistas traduzem a Bíblia, revisam práticas e adaptam ritos.

A assimilação ocorrida após Napoleão leva muitos judeus a abandonar a fé. Para evitar esse desaparecimento, rabinos propõem reformas. O judaísmo reformista substitui práticas rígidas por cerimônias mais adaptadas, questiona costumes e tenta manter o judaísmo vivo diante da modernidade. O conservadorismo surge como resposta intermediária: preserva tradições, mas aceita mudanças graduais.


CAPÍTULO 6 – A CONSTRUÇÃO DO TALMUD, A LEI E O PENSAMENTO JUDAICO


O Talmud é apresentado como obra fundamental na organização da vida judaica após a destruição do Templo. Ele reúne discussões jurídicas, narrativas, debates e interpretações da Torá. A halachá é vista como sistema vivo, em constante evolução ao longo dos séculos, permitindo adaptações de acordo com a realidade. O Rabino mostra que o judaísmo não é dogmático: valoriza o estudo, a argumentação e a prática ética. A visão judaica de Deus é centrada na unicidade divina, sem forma física, e na relação ética com o ser humano.

Sobre o mundo vindouro, o judaísmo apresenta diversas concepções, não possuindo uma doutrina rígida. Para o Rabino, o judaísmo se preocupa mais com a vida presente do que com especulações sobre o pós-morte.


CAPÍTULO 7 – SHABAT, FESTAS E O CICLO DA VIDA


O autor aprofunda o conceito de tempo no judaísmo. O Shabat é visto como momento de descanso, espiritualidade e reconexão com a família. As festas têm significados históricos e espirituais: Rosh Hashaná marca o julgamento e o início do ano; Yom Kipur é o dia da expiação; Sucot relembra a fragilidade humana; Pessach celebra a libertação do Egito; Shavuot celebra a entrega da Torá; Chanucá comemora a vitória dos macabeus; Purim celebra a sobrevivência frente à perseguição.

O ciclo da vida judaica também é detalhado, desde nascimento, brit milá, bar e bat mitzvá, casamento e luto, reforçando a presença da tradição em todas as etapas da vida.


CAPÍTULO 8 – JUDEUS POR OPÇÃO E O PROCESSO DE CONVERSÃO


O autor dedica uma seção aos que procuram o judaísmo por vontade própria. Ele afirma que sempre houve conversões e que muitos judeus de hoje descendem de convertidos de

outros tempos. Critica práticas que afastam ou humilham quem busca o judaísmo. Para ele, conversão deve ser séria, mas acolhedora. Ele descreve o processo: estudo, participação comunitária, entrevistas, circuncisão quando aplicável, imersão na micvê e encontro com o beit din. O elemento central é a sinceridade e o compromisso.


CAPÍTULO 9 – APÊNDICES, OBJETOS E DIFERENÇAS RELIGIOSAS


O Rabino explica objetos rituais como talit, tfilin, mezuzá, chanukiá e outros. Descreve também diferenças entre judaísmo e cristianismo, esclarecendo que, apesar de compartilharem textos, cada religião segue rumos teológicos próprios. Finaliza com um glossário de termos.


CONCLUSÃO


O livro apresenta uma visão ampla, histórica e espiritual do judaísmo, mostrando como o povo judeu se mantém vivo apesar de perseguições e dispersões. Para quem está em processo de conversão, a obra oferece um panorama essencial, reforçando que há muitas formas legítimas de viver o judaísmo, desde que com integridade, estudo e responsabilidade.

© 2021 Brit Bracha Brasil | Integrando Judeus e Não judeus de Norte a Sul do País

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