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Os Princípios Judaicos que nos guiam

Um Judaísmo Acessível​​​​​​ – O conceito de Judaísmo Acessível propõe uma evolução da tradição e uma adaptação aos tempos modernos com fins de promover melhor e maior acesso a todos, conforme a realidade de cada um. Na realidade, o Judaísmo evoluiu sempre, especialmente com Maimônides – o Rambam, o Iluminismo e o Renascimento Judaico. Sem ruptura e seguindo os princípios básicos da tradição, o Judaísmo buscou estar de acordo com a História do desenvolvimento humano. E, hoje, terá de continuar evoluindo, sobretudo porque deve levar em consideração os progressos da ciência contemporânea e da civilização. O princípio do Judaísmo Acessível observa que a Lei, cuja confiança é de indubitável inspiração divina, tem sido expressa por meio de seres humanos. Em outras palavras, trata-se de uma expressão que, per se, já é uma interpretação. O Judaísmo Acessível objetiva a elevação ética e espiritual dos seres humanos. Para isso, fundamenta-se na compreensão das gerações que os precederam, progredindo na apreensão da palavra do Eterno em cada século. Uma vez que são trazidas mudanças práticas, segundo a consciência moderna, a reinterpretação da sagrada herança recebida inscreve-se na tradição que vivemos em cada século, com o fim de ampliar seu escopo de envolvimento e aceitação. Diversas comunidades trazem consigo mudanças, justificadas por versículos bíblicos, interpretações talmúdicas ou posteriores ao Talmud.


Um Judaísmo Igualitário – Homens e mulheres possuem os mesmos direitos espirituais.


Um Judaísmo Inclusivo – São dadas as boas-vindas a pessoas independentemente da religião professada, sem querer convertê-las ao Judaísmo; independente de cor, raça, origem social, renda ou o que quer que seja, todos pertencendo a um corpo único, inclusivo, uno com o Eterno.


Um Judaísmo Pluralista – Que recebe e reflete sobre ideias judaicas e não-judaicas, em prol do conhecimento e engrandecimento espiritual de seus membros, sem perder os laços com o Tanakh e nossa promessa junto ao Eterno.


Nosso Lugar no Mundo –​ O Judaísmo contém uma tradição antiga, porém viva, cuja contribuição para a humanidade tem sido imensa indiscutivelmente. Nossa civilização judaica foi moldada de diferentes formas em função da história, geografia e sociologia dos locais em que estivemos. As propostas a respeito do judaísmo delineadas acima são inerentes à busca por respostas para as inquietantes questões contemporâneas. Buscamos encontrar ideias para o enfrentamento dos desafios do mundo ocidental moderno, ao mesmo tempo em que, pela nossa própria presença, mudamos o mundo ao redor. Este tipo de influência cruzada não constitui uma experiência inédita ou apenas pontual na história judaica. Constitui, na realidade, uma constante, a qual promoveu uma ativa revitalização do Judaísmo.

São muitos os aspectos da vida moderna que assustam e angustiam a todos: o menosprezo pela religião e pela tradição; a queda da importância conferida ao Eterno; a maior importância dada às conquistas individuais; a confiança cega na ciência e no conhecimento científico; o abuso da tecnologia como instrumento de tortura e destruição, dentre outros.

Vivemos uma era de materialismo por princípio, de exploração ilimitada dos recursos humanos e naturais visando apenas o lucro e de elevação do interesse próprio ao rol de principal determinante dos relacionamentos humanos.

Contudo, há muitos aspectos altamente positivos da modernidade e negá-los seria uma ilusão tola. A aceitação de alguns desses aspectos positivos passa pela possibilidade de maior erudição, pela preocupação mais acurada com direitos humanos inalienáveis (e de demais seres vivos), pela valorização do pluralismo cultural, pelo aprofundamento das percepções psicológicas e pelo progresso em múltiplas áreas da ciência e da tecnologia, trazendo incontestáveis melhorias à qualidade de vida. Porém, nada é tão simples e tais melhorias podem ser apenas para alguns, privando outros delas, perpetuando uma situação inerentemente injusta. Começamos, assim, a compreender que temos uma responsabilidade na preservação da qualidade de vida em nosso planeta e de aceitar a disciplina implícita à nossa condição de parceiros do Criador e guardiões de Sua Criação. Qualquer que seja nossa ambivalência, o presente está conosco e devemos reconhecer que ele constitui o nosso verdadeiro ponto de partida.


Vivendo no Mundo – É notório, portanto, que a modernidade trouxe ao mundo tanto coisas positivas como negativas. Nosso Judaísmo acredita que é essencial viver no mundo adotando uma postura de “desajuste criativo”. O encontro entre o Judaísmo e o mundo nem sempre se mostrou positivo para a vida judaica. Mas, ainda assim, nós, judeus progressistas, não acreditamos na possibilidade de realizar nossas obrigações como tal, e por completo, voltando as costas ao mundo e buscando a sobrevivência encastelados no isolamento. Valorizamos nossa diferença e nossa especificidade! Mas não desejamos preservá-las separando-nos da comunidade mais ampla de forma física.


Adonai, Israel e o Indivíduo – Adonai nos faz exigências. A comunidade também tem suas necessidades. Reconhecemos a autonomia do indivíduo, bem como o direito e a inevitabilidade de que as pessoas respondam por si próprias. Uma grande parte da vida judaica contemporânea é representada, e vivida, pela tentativa de resolver a interação e as tensões existentes entre a devoção que temos por Adonai, a comunidade, os ensinamentos desta e o indivíduo.


A Verdade e o Pluralismo – Entendemos que a Verdade, uma metonímia da realidade divina, direcionada como o desejo divino para o mundo, é multifacetada. Esta concepção impõe uma certeza: a de que nenhuma expressão única do Judaísmo, ou de qualquer outra religião ou sistema de confiança ou crença, é capaz de abranger o mistério da energia criativa e da inteligência implícitas a ela. Reconhecemos, portanto, que qualquer forma de religião é sempre, de certa forma, provisória. Não há uma única expressão do Judaísmo capaz de acomodar todos os judeus em todos os lugares e em todas as épocas. Compreendemos que o Judaísmo não possui o monopólio da Verdade. E que, além disso, esta pode ser encontrada em outras tradições religiosas, ou mesmo em ensinamentos e disciplinas sem qualquer rótulo religioso formal. A busca religiosa pelos significados inerentes a esta temática teceu uma enorme tapeçaria contendo fios de muitas cores.


Dúvida e Certeza – Pode-se constatar um nível expressivo de dúvida religiosa endêmica aos pensamentos e sociedades modernas. Em contrapartida, a busca pelo significado religioso tem sido contínua, desde que Avraham e Sarah deram início a sua jornada. Esta ênfase na busca constitui um saudável antídoto para as certezas (dogma, em grego) tidas por muitas gerações passadas com relação à Verdade. É um corretivo para a praga do fanatismo e do fundamentalismo, promotores de distorções atrozes do mundo religioso em todas as eras. Testemunhamos, também, que, atualmente, muitos judeus estão muito menos seguros de sua crença em Adonai com relação às milenares gerações de antepassados. Muitos outros têm dificuldades na oração, ainda que se sintam confortados e apoiados pelo ato de orar em grupo. Tais dúvidas e ceticismos fazem parte da realidade judaica contemporânea. E é este o desafio a aceitar e saber fazer-lhe face.


Começando com as pessoas onde elas estão – Nossa proposta tem preceitos sólidos com relação ao Judaísmo como um todo vivo e acessível. Há, porém, um princípio operacional de firmeza equivalente. Começamos com as pessoas onde quer que estas se encontrem e trabalhamos em parceria com elas, encorajando-as a uma expressão mais plena e dinâmica de seu Judaísmo. Buscamos incluir as pessoas – em vez de separá-las. Reconhecemos que diferentes fatores afetam o caminho de vida trilhado por um indivíduo. Oferecemos um lar judaico àqueles que buscam a Verdade. Nossas vivências têm demonstrado que esses judeus trazem consigo talentos, percepções e benefícios os quais podem favorecer a todos.


Nuances de opinião – Cada indivíduo é único e expressa sua confiança de forma singular. O Judaísmo jamais impôs uma crença rígida e a sabedoria desta abordagem se torna ainda mais preciosa nos dias atuais. O Judaísmo em si, ou qualquer que seja a tradição religiosa, constitui uma “federação” de pontos de vista, um mundo rico em percepções e nuances. Nosso compromisso é ouvir-nos uns aos outros com respeito, descartando qualquer visão seletiva ou limitada. Reconhecemos a necessidade de sermos, ao mesmo tempo, mais críticos em relação a nós mesmos e mais respeitosos em relação aos judeus de opiniões divergentes. Levamos a sério o mandamento (mitzvot) de cuidar da própria alma e do bem-estar alheio – e não do próprio bem-estar ou da alma do outro. Isto não significa também que se faça uma salada de opiniões dispersas e objetivamente opostas que desvirtuem fundamentos como o da Unicidade do Eterno, por exemplo, ou que alienem as pessoas em cima do muro, sem assertivas ético-morais.


Compromisso – Reafirmamos o conceito judaico da humanidade criada à imagem divina. Somos dotados de livre arbítrio, capazes de bondades sublimes, posto que capazes das maldades mais terríveis, mortais. Dotados de um senso de eternidade, somos capazes de estabelecer um relacionamento direto e pessoal com o Eterno. Reforçamos o respeito judaico pelos ensinamentos que podem ser derivados da história humana – uma saga de progresso e derrotas, de triunfos e de tragédias. Entendemos que são destinados, contudo, a conduzir-nos a uma era em que todos adorarão um só Deus e na qual o reinado da liberdade, da justiça, do amor e da paz será permanentemente estabelecido no mundo inteiro.



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