FÉ E RAZÃO: O EQUILÍBRIO JUDAICO ENTRE PENSAR E CRER

            Você já se sentiu culpado ou mesmo com medo de questionar as verdades bíblicas? Eu sim. Aprendemos e ouvimos tanto que as coisas de Deus não devem ser questionadas, mas simplesmente aceitas, que nos forçamos a engolir tudo com uma subserviência que, no fim, nos leva a uma fé cega, ou mesmo fanatismo, que nos faz viver no automático, fazendo tudo porque “é assim que deve ser”. Mas será mesmo que Deus se incomoda que O questionemos? Estamos enfrentando Deus pelo simples fato de querer entender melhor as coisas? A resposta mais sensata é NÃO!

            Veja bem: em toda a Bíblia, Deus sempre deixa claro que nós temos opções. Lá em Devarim/Deuteronômio 30:19, Ele diz:

“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti, que te pus diante a vida e a morte, a bênção e a maldição; ESCOLHE, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” A partir do momento em que o Senhor nos dá opções, Ele também nos dá a alternativa de pensar, de analisar, pois escolher envolve um ato de decisão e decidir necessita de reflexão, de questionamentos, por menores que sejam. Não existe uma imposição da parte de Deus de “faça porque estou mandando e não ouse querer saber por quê”. Isso fica muito claro no versículo acima quando Ele explica a razão pela qual devemos escolher o caminho da vida, porque “vamos viver nós e nossa descendência”. Deus não é um ditador, meu amigo! Talvez quem não queira que você questione sejam alguns daqueles que estão no poder, muitas das vezes invertendo as Palavras Sagradas, e temem que você questione e descubra a verdade!

            Desse modo, o caminho mais sensato e produtivo é o do pensar, analisar e ponderar. Você precisa servir a Deus com “todo seu coração e toda sua alma”, no entanto, não vai poder fazer isso se ao menos entende o que e por que está fazendo o que faz. E aqui não estou dizendo que tudo possui uma única razão e um único sentido. Não! Cada mandamento divino reflete de uma maneira diferente na vida de cada um de nós. O que quero dizer é que você deve encontrar o seu sentido, a sua razão, e não é agindo como um robô, vivendo no automático ou seguindo cegamente o que dizem por aí, que vai conseguir isso.

            Ter fé significa ter certeza, convicção de algo. A dúvida é, portanto, um excelente caminho para se alcançar tal certeza, pois ela te faz buscar respostas e, quando as encontra, vem o esclarecimento. E é então que algo maravilhoso acontece: você conhece aquilo em que crê e as razões pelas quais crê. Isso cria uma fé forte, que não se desfaz diante do primeiro desafio ou opiniões alheias, porque ela está bem solidificada na sua compreensão.

            A essa altura você ainda pode estar com uma pulga atrás da orelha sobre a possibilidade de afrontar a Deus, duvidar de sua divindade. É um temor sensato e válido, e mostra um desejo genuíno de agradar ao Criador. Use isso em sua vantagem. Não para o comodismo, mas para buscar além, além do que seus olhos podem ver e o coração sentir. Creio que afrontar a Deus seja algo parecido a querer saber mais do que Ele, Lhe desafiar ou duvidar que Ele realmente seja Deus. Isso sim é um pecado! Porém Deus é tão superior e imune às atribulações humanas que, mesmo nestes casos, ainda nos perdoa. Quantas vezes eu já não duvidei da existência de Deus?! E estou aqui provando de suas bênçãos. E sabe por que Ele não me destruiu ou algo assim? Porque eu duvidei com um desejo verdadeiro de aprender, de encontrar uma verdade. E o que Ele fez? Me deu demonstrações de Sua existência. Respondeu às minhas dúvidas. E hoje eu O sigo não porque tem que ser assim ou porque me disseram, mas porque eu sei em Quem eu creio.

            A linha entre fé e fanatismo é quase invisível de tão fina que é. A sua salvação está em pensar, afinal, não foi mesmo Deus que nos criou racionais? Tenho certeza de que Ele não fez isso por acaso. Use o que Ele te deu. Pense, analise e construa sua fé. Seja sincero em suas dúvidas. A única coisa que Deus vai destruir será as trevas da ignorância que tentam tragá-lo. Ah! E se quiser praticar, já pode começar se perguntando se o que eu disse faz algum sentido pra você.

Bons estudos!